Avião irá depositar gotículas de água potável em nuvens que para que elas possam desaguar antes de chegar a São Paulo
A Skol quer evitar que os foliões de São Paulo tenham seus blocos e festas atrapalhados pela chuva durante o carnaval. Patrocinadora oficial do carnaval de São Paulo, a empresa quer "desviar" a chuva: um avião está depositando gotículas de água potável em nuvens que estão se deslocando em direção a São Paulo, e que têm potencial de chuva, para que elas possam desaguar antes de chegar à cidade.
Ao G1, o vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da Cervejaria Ambev, Rodrigo Figueiredo, disse que a ideia é "fazer chover no lugar certo, como no reservatório Cantareira, por exemplo".
A empresa que realiza o serviço, Modclima, explica que o objetivo da ação não é evitar a chuva, mas interceptá-la. "Há o monitoramento da chegada de nuvens com grande potencial de água e, quando as mesmas se aproximam são pulverizadas e assim a chuva acontece", explicou a CEO da Modclima, Majory Imai, ao G1. Cada aeronave irá despejar cerca de 300 litros de água em nuvens que possuem de 1 a 6 quilômetros de diâmetro.
O método, segundo a empresa, não traz danos ao meio ambiente, por usar apenas água potável para "abastecer" as nuvens. "Este é um método livre de químicos e se utiliza apenas água potável aplicada em forma de gotículas de diâmetro controlado. Dessa forma, "imita-se" o processo natural de crescimento vertical da nuvem e precipitação, resultando na indução da chuva. Sem efeitos colaterais ou danos ao meio ambiente", disse a CEO. A empresa já atua no mercado há mais de uma década e realizou projetos parecidos para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Veja o vídeo da Skol apresentando a ação:
Skol | Giro na Chuva
Vai dar certo?
Não há previsão para temporais durante o carnaval da cidade de São Paulo, mas o Climatempo indica que durante a sexta-feira (21) e o sábado (22) há possibilidade de chuva fraca a moderada, e a segunda (24) e terça-feira (26) podem trazer pancadas de chuva isoladas. Escutado pela reportagem do G1, o professor de física atmosférica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Theotonio Pauliquevis, afirmou que o método pode conseguir alguns ajustes e funciona "em um determinado limite".
"É muito controverso no meio científico a real funcionalidade disso. O método pode fazer apenas pequenos ajustes em nuvens. Se for uma nuvem muito carregada, por exemplo, ele pode fazer ela chover, mas ela vai chover na Cantareira, e provavelmente atingirá São Paulo. Por outro lado, tem nuvens que podem nem chover. Então, tem que ser uma nuvem que já ia chover um pouco", explicou o professor.