Saiu um indicador econômico. E agora?

Praticamente todos os dias é divulgado um novo indicador econômico. Às vezes, os indicadores falam a mesma língua; às vezes, não. Mas o fato é que, quando o assunto é investimento, surge uma dúvida comum sobre tantos números: será que eu preciso reagir a cada nova informação?

Seria ótimo se eu pudesse apresentar uma resposta categórica e direta e já encerrasse este artigo. Infelizmente, não é bem assim. Calma! 

Quando você deseja conquistar um objetivo, uma viagem, por exemplo, planeja levando em consideração sua situação econômica atual. Então, você programa os dias, faz as reservas, organiza suas finanças para pagar as passagens, as hospedagens e os passeios, até que chegue o dia da viagem, quando, de fato, seu objetivo será alcançado.

 Ou seja, é preciso saber de que ponto está partindo (cenário atual) e onde pretende chegar (objetivo). Essa dinâmica de planejamento é muito parecida no cenário econômico. É possível prever precisamente como a economia estará daqui a cinco anos?

Não. Mas a partir dos indicadores é possível desenhar um cenário-base.

É a partir desse cenário base que você vai pensar como investir. Lembrando que não se trata de fazer aplicações refletindo apenas as expectativas sobre o futuro (onde a economia vai chegar), mas considerando também o ponto em que está agora e o caminho que deve percorrer. 

Vale falar que provavelmente o percurso não será exatamente como o esperado. Assim, a solução é diversificar.

Pode acreditar: esta história de diversificação não é papo de economista, nem de vendedor que quer empurrar produtos para você. Vou dar alguns exemplos do porquê dessa estratégia.

Quem imaginaria que, no começo de 2020, haveria tensões geopolíticas intensas ou até mesmo uma nova epidemia que causaria a queda em cascata de praticamente todas as Bolsas do mundo? Será que todo mundo estava preparado para a recente alta do dólar aqui no Brasil?

Esses são tipos de choques a que investidores estão sujeitos.

São imprevisíveis, porém, são normais. Fazem parte do ciclo.

Só não sofreu tanto com esses eventos quem diversificou seus investimentos.

 Apesar de a situação parecer confusa, a sopa de variáveis e informações é importante para testar se o cenário base ainda faz sentido.

Ou seja, será que os novos dados são ruídos ou mudam efetivamente a tendência?

As notícias que surgem com alta frequência ajudam a calibrar as expectativas.

Em geral, sua carteira precisa responder ao seu cenário-base e aos possíveis ruídos que eventualmente surgirão ao longo do caminho - e aqui vai uma palavrinha técnica: é importante olhar para ativos descorrelacionados (que não seguem a mesma trajetória, ou seja, geralmente se movem em direções distintas).

Então, agora, respondendo àquela pergunta – “será que eu preciso reagir a cada nova informação? ” –, eu diria que o mais prudente não é respondê-la de forma categórica, mas refletir sobre três pontos.

O primeiro é o mais simples: a nova informação alterou o cenário base?

O segundo e o último são indagações que devem ser feitas recorrentemente, independente de novos indicadores: minhas aplicações estão ajustadas ao meu cenário base?

Minha carteira consegue mitigar algum imprevisto no meio do caminho?